07 MAR 2024

Nem sempre ganhando, nem sempre perdendo, mas sempre aprendendo

Estamos no mês da mulher, na semana da mulher, no dia da mulher. Você tem que escrever uma coluna, uma crônica, fazer um vídeo sobre a data e a importância da mulher, me cobram os que colaboram comigo em minhas atividades. Eu também me cobro, principalmente se devo ou não, confesso. Tenho restrições quanto à certas datas.

Como uma típica taurina, ficar no âmbito dos questionamentos não me atrai. É preciso lutar, fazer a diferença para mudar certas realidades que ainda atingem mulheres desde que vêm ao mundo. E é o que eu faço desde que me conheço por gente. Então esta é minha contribuição nas reflexões alusivas a data: minha própria história.

Assim que tomei consciência das coisas, e foi bem cedo, sendo criada no meio de mulheres machistas - sim, mais machistas que os homens, tracei como principal objetivo na vida fazer tudo diferente. Se certo ou errado ainda não sabia, mas a meta estava definida.

Era preciso quebrar paradigmas da época e da minha própria criação. Entre as rebeldias comecei a fumar ainda na pré-adolescência e a namorar. Quanto ao namoro não sofri muitas resistências, porque quem sabe casaria cedo para tranquilidade de meus pais. Desejava o tempo todo crescer rápido, sair de casa e ganhar o mundo. Já trabalhando em televisão, revoltada com as limitações que me empunham, fiz minha primeira tentativa de sair de casa. Fuga mesmo. Meus irmãos foram me buscar e me alertaram que somente após completar 21 anos eu poderia tomar esta atitude. Achei que os 18 anos me daria a autonomia da dita maior idade. Ledo engano. Somente o Código Civil de 2002 habilitou às pessoas com 18 anos à prática de todos os atos da vida civil.

Os 21 anos chegaram e além da TV já havia tomado gosto pela assessoria política. Foi aí que um ato impensado (que vale outra história) me empurrou e as oportunidades surgiram. Bora para a Capital!

Trabalhar muito e curtir a dita independência foi rotina por seis anos. Nossa! Que felicidade! Até que me deixei levar por um preconceito que nem sabia, estava dentro de mim. Estava na hora de casar e constituir uma família. E foi o que fiz.

Me desconheci. Nem parecia mais aquela menina decidida a mudar o mundo. Pela profissão do pretendente foi preciso morar em outro estado. Por sorte e, sem modéstia, por competência, emprego nunca me faltou. No entanto, no primeiro ano de casada surgiram as decepções e frustrações com a vida a dois. Mas, como casamento era para sempre (outro preconceito que me fizeram acreditar), se passaram vários anos, vieram os filhos e muitas outras coisas boas e ruins.

Não riam, mas mesmo após o divórcio o pensamento de que era necessário casar continuava na minha mente e me levava a errar novamente. Depois que desistí, parece que acertei.

Nós mulheres erramos e acertamos. Não somos iguais, temos demandas diferentes de acordo com a nossa história individual e a realidade que nos cerca. Daí a forma de discutirmos nossas diferenças fará toda a diferença.