26 JUL 2022

A timidez das mulheres no processo eleitoral

O quadro desenhado pelas convenções partidárias revela a face de uma política partidária que não reflete a força feminina representada  no contexto dos números.  As mulheres são a maioria do eleitorado, representando 53% do total. Mesmo assim, a participação é acanhada e tímida, conforme tem revelado as convenções recentes. Um diagnóstico que desafia os estudiosos da área e requer reflexões!

As convenções partidárias se encerram no próximo dia 5. Em Santa Catarina, a última convenção será do Partido Liberal, mas já podemos ter um diagnóstico da participação da mulher nas eleições deste ano em nosso estado. Nos palcos das convenções, sendo que a maioria foi realizada no último sábado (22), o que se viu foram muitas luzes, telões, jogos de cena, inúmeras filmadoras e uma baixa participação da força feminina nas candidaturas.

O PSTU homologou chapa pura e tem Gabriela Santetti como candidata a vice- governadora. O Progressistas e o PT ainda não definiram seus vices nas chapas. Os demais partidos que já realizaram convenção terão dobradinha masculina.

Para a proporcional, de acordo com as nominatas, poucas mulheres candidatas e com verdadeiras chances de alcançar os mandatos pretendidos. Aliás, os dirigentes partidários têm revelado a dificuldade em encontrar mulheres que queiram se candidatar.

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) divulgou recentemente estatísticas do eleitorado. Nenhuma novidade se compararmos com eleições anteriores. As mulheres são a maioria das pessoas aptas a votar. Mais de 82 milhões dos eleitores brasileiros são mulheres e 74 milhões são do sexo masculino. Ou seja, representamos 53% do eleitorado.

Das mais de 156 milhões de pessoas que poderão votar no pleito deste ano, mais de 82 milhões são do gênero feminino e 74 milhões do masculino. O número de eleitoras representa 53% do eleitorado, enquanto o de homens equivale a 47%.

Nestes mesmos palcos e, também, nas plateias, as mulheres são a força que impulsiona candidaturas. Elas falam de família, amor ao próximo, companheirismo, garra, e muitas outras qualidades importantes para governar e legislar. Porém, continuamos sub-representadas nos espaços políticos e no poder.

Acompanhei em Santa Catarina discursos fortes e impactantes de mulheres para elevar a figura de seus maridos e me perguntei: por que elas não se candidatam? São poderosas, guerreiras mesmo. Será que não gostariam de participar do processo? Se conformam em ser coadjuvantes? São impedidas nesse universo machista? Não creio que falte coragem, ao contrário. Ah! Pode ser para  inviabilizar a candidatura deles.

É, avançamos, mas ainda estamos longe. A campanha “Por mais mulheres na política”  está longe de surtir o efeito que desejamos e nossa sociedade necessita. Creio que deva ser mais direta: Por mais mulheres candidatas.