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MARIA HELENA

16 SET 2024

Storytelling à frente nas pesquisas e propostas dos candidatos são desconhecidas

Os debates eleitorais, tradicionalmente vistos como um momento crucial para os candidatos apresentarem suas propostas e confrontarem visões, têm se transformado em arenas onde a narrativa pessoal de cada participante ganha centralidade. As redes sociais, cada vez mais protagonistas no cenário eleitoral, potencializam essa mudança, com o storytelling - a forma persuasiva como contam a história - ditando as regras do jogo.

Em tempos de alta polarização e de imediata repercussão digital, candidatos sobem vídeos e opiniões em tempo real, paralelamente à participação nos debates. Cada candidato conta sua versão dos fatos, moldando a narrativa a seu favor, enquanto milhões de usuários das redes sociais replicam e ressignificam essas histórias. O que se vê é uma disputa por quem conta a história mais envolvente e convincente, ao invés de uma discussão pautada por propostas concretas.

Em meio a esse turbilhão narrativo, surge uma pergunta inquietante: o que os eleitores realmente sabem sobre as propostas concretas dos candidatos, como as relacionadas ao meio ambiente? Enquanto as redes sociais amplificam as histórias emocionais e os confrontos dramáticos, questões cruciais como políticas de sustentabilidade, mudanças climáticas e preservação ambiental muitas vezes são ofuscadas. Quantos eleitores conseguem detalhar os planos de seus candidatos para combater o desmatamento ou promover energia limpa? O foco excessivo no storytelling pode obscurecer a importância de temas essenciais, desviando a atenção do debate sobre soluções reais para problemas ambientais urgentes. Assim, o apelo narrativo pode estar contribuindo para a desinformação ou, no mínimo, para a superficialidade da discussão política.

Essa estratégia de storytelling é poderosa porque não visa apenas convencer o eleitor por argumentos racionais, mas criar uma conexão emocional com a audiência. Os candidatos compartilham suas trajetórias, criam narrativas sobre suas realizações e pintam o adversário como vilão da trama. 

O impacto nas redes sociais é imediato. Assim que um debate se encerra, os momentos mais marcantes já estão sendo reproduzidos, remixados e comentados. Seja um comentário incisivo, uma gafe, uma declaração emocional ou uma cadeirada então nem se fala. Tudo vira material para ser amplificado e muitas vezes distorcido. 

O uso estratégico do storytelling não é novidade na política, mas sua presença nas eleições modernas, amplificada pelas redes sociais, é algo que pode ditar o rumo de uma eleição. Aquele que consegue controlar a narrativa, que transforma sua trajetória pessoal ou seu desempenho no debate em uma história cativante, muitas vezes conquista a atenção e o apoio de um eleitorado mais preocupado com a sensação de confiança e empatia do que com detalhes técnicos das propostas.

Se as redes sociais transformaram o modo como as histórias são contadas e compartilhadas, também têm sido cada vez mais decisivas nos resultados eleitorais. Não se trata apenas de uma arena para discussões ou memes, mas de um espaço onde as percepções sobre os candidatos são moldadas de forma duradoura. As narrativas mais poderosas, que conseguem engajar e mobilizar eleitores, podem fazer a diferença entre a vitória e a derrota.

No fim, a eleição deixa de ser apenas uma disputa de propostas, tornando-se um grande palco onde quem controla a melhor narrativa, vence. As redes sociais são as novas arenas, e nelas, o storytelling dita as regras do jogo.

*Imagem por IA

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