TSE fará pesquisa sobre aumento da abstenção nas eleições 2024; O recado dos eleitores nas urnas 

A ministra Cármen Lúcia, que preside o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), afirmou neste domingo (27) que a Justiça Eleitoral realizará uma pesquisa para entender os motivos que levaram à alta abstenção de eleitores nas eleições municipais deste ano.

De acordo com os dados finais da votação, o segundo turno teve uma abstenção de 29,26%; praticamente um em cada três eleitores deixou de votar. No primeiro turno, o não comparecimento às urnas foi de 21,68%.

Capitais como Porto Alegre, por exemplo, registraram a maior abstenção, superior a 34%. Em São Paulo, maior colégio eleitoral, o índice de abstenção no segundo turno das eleições municipais foi o maior registrado nos últimos 40 anos. Em Santa Catarina, que não teve segundo turno, a abstenção no primeiro turno foi de 21,71%.

As causas da alta abstenção podem estar ligadas a vários fatores, tais como fatores climáticos e até mesmo ao desinteresse dos eleitores pela política.

As lições das eleições municipais de 2024 e a democracia

Nos resultados das urnas e nos índices de abstenção, os eleitores demonstram o crescente afastamento do processo democrático e evidenciam, por exemplo, o distanciamento das esquerdas em relação às bandeiras populares e a tendência à renovação de lideranças.

O afastamento dos eleitores das urnas é verificado internacionalmente, até mesmo em países onde o voto não é obrigatório. O Brasil está entre os 22 países que ainda mantêm a obrigatoriedade do voto.

Nossa população é politizada. No entanto, muito desse desinteresse crescente do eleitorado está ligado à percepção de que pouco ou quase nada irá alterar o resultado previsto nas urnas com o seu voto. Infelizmente, muitos dos que deixam de participar são os que mais precisam.

As consequências do desinteresse da sociedade pela política são várias, mas a principal delas é o enfraquecimento da democracia e a falta de cobranças sobre os governos.